Antes de existir tantas
bandas em Manaus, muitos jovens se divertiam fazendo dublagens nos clubes da
cidade, era diversão imitar os artistas de sucesso: seus trejeitos, figurinos e
a forma de tocar.
Muitos jovens amazonenses
iniciaram o gosto pela música através das dublagens e muitos seguiram neste
caminho artístico buscando professores de violão, sax, guitarra ou bateria para
aprender de fato o instrumento musical.
Fazer dublagem era coisa
séria, os artistas se tornavam conhecidos e eram as celebridades da cidade.
Haja vista que os clubes é que mapeavam este circuito cultural e que promoviam
este aumento dos artistas.
Uma das rainhas da
dublagem foi a atriz Edinelza Sahado, se tornou a Rainha da Dublagem no Atlético
Barés Clube sem obter nenhuma formação específica. Bastava fazer a melhor
dublagem quanto aos figurinos e gestos como a mesma comentou: “Então peguei meu
bolachão, cheguei na ‘Manhã de Sol’ e disse ‘eu vou concorrer’ então eu gostava
tanto da música que repeti 4 vezes e naquela hora fui eleita a rainha da
dublagem do Atlético Barés Clube.”
A maioria dos
cantores de Manaus eram cover nos clubes ou nas rádios da cidade, ou seja, faziam dublagens, imitações,
reproduções de outros artistas, das bandas de sucesso e de intérpretes, como
comenta o Noval Benaion (professor e baterista):
“Tudo cover. Tinham grupos e intérpretes que eram de
pessoas isoladas e especialistas em dublagem. Tinha um amigo meu do colégio, o
Wagner, que ele fazia dublagens fantásticas, ele sozinho, mas também tinham as
bandas, as pessoas montavam bandas, se vestiam e faziam como a gente vê na
televisão, tudo era dublado, os caras só faziam articular, faziam coreografia
igual, etc. e isso dominava os shows da noite que os clubes bons apresentavam,
quando não tinham muita atração apresentavam isso aí.”
As dublagens
eram grandes espetáculos, uma produção teatral com figurinos e interpretações. Eram
verdadeiras montagens de shows, era um teatro musicado com dublagem: figurino,
características, jeitos, etc, a dublagem se tornou uma coqueluche, uma febre,
todo mundo queria fazer dublagem.
O teatro
musicado era divulgado como “Dramatização do Tema Musical” nos anúncios do
jornal. E o Luso Sporting Club foi o pioneiro nessa dramatização do tema musical
pela Juventude Lusitana.
Em
consequência destas manifestações artísticas de fazer dublagem em vários
clubes, começaram a organizar os Festivais de Dublagem na cidade que movimentou
os clubes, o comércio e os artistas locais.
Os Festivais
de Dublagens existiram exatamente por causa da grande demanda de cantores que
faziam imitações de artistas nos clubes, principalmente o Atlético Barés Clube
que iniciou nos finais da década de 50.
O Atlético Barés Clube já promovia nas suas
Manhãs de Sol e nas suas noites de gala de dublagens: tinha seus reis e suas
rainhas da dublagem e faziam na época do auge do rock.
Uma
coqueluche, que aos poucos virou moda nos clubes da cidade, transformou e
animou a vida musical e resultou em Festival, mobilizou a cidade inteira: o
comércio, os artistas, os clubes e as rádios, fazendo moda e proporcionando um
fazer musical diferente no circuito cultural de Manaus.
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