domingo, 5 de janeiro de 2014

As Dublagens: vestimentas, instrumentos e a voz do LP na Rádio-eletrola


Hoje é comum ver a divulgação do cover uma banda musical pelos bares da cidade de Manaus.
Ouvimos as músicas que marcaram a trajetória artística do cantor ou a banda tal, ou mesmo, aquelas que fazem sucesso atualmente para ganhar o publico e o cliente ficar satisfeito com o ambiente aconchegante de acordo com o gosto de cada um.
Entretanto, nestas apresentações de covers atuais, não vemos a presença do cantor ou da banda nos palcos dos bares. Seria bem interessante imitar a vestimenta, os trejeitos...!!!!!!
Em Manaus, em meados de 1964 e 1965, aconteciam as dublagens nos clubes, nas noites dançantes da cidade. Era um tipo de cover deste período com a diferença que hoje se canta e não se veste como os cantores que são interpretados e, no período citado, se vestiam idênticos, tendo os trejeitos do cantor dublado, não sabiam tocar o instrumento e não tinha voz, a voz era do LP tocado na Rádio-eletrola.
A dublagem começou a se fazer presente nos clubes das cidades sendo primeiramente como diversão e, posteriormente, ficou sério, como comenta Delfim de Sá (dublador da década de 60 em Manaus):Era tão sério a coisa que quando terminei de dublar ao piano, o coronel veio em minha direção e disse: quero que você ensine minha filha a tocar piano, mas ninguém sabia tocar piano, pra você ver a seriedade da coisa.”
Não foi algo negativo que aconteceu, pelo contrário, foi bastante rico para a estrutura econômica, política e cultural da época na cidade de Manaus. Mobilizou a cidade e possibilitou que pessoas anônimas se tornassem músicos, atores, enfim, foi uma transição entre os programas de rádio e o cinema e a formação de bandas para tocar ao vivo.
Nas notícias de jornais destacamos os artistas conhecidos como a rainha da dublagem Eline Santana, também Almir Silva, Delfim de Sá, Salim Gonçalves, Conrado Silva e Wilson Campos, ou a própria Edinelza Sahado, que seguiu carreira de atriz por conta de fazer dublagem.
O Luso Sporting Clube foi o pioneiro nessa padronização de fazer dublagem. Delfim de Sá relata que na época, não havia recursos suficientes para convidar artistas nacionais: “Nós fomos os pioneiros em dublagem, porque naquele tempo Manaus não tinha grandes recursos pra mandar buscar cantores de fora pra vim pra Manaus se apresentar”.
A simples diversão, nas “Manhãs de Sol” (atividade cultural nas manhãs de domingo nos clubes) se tornou a “coqueluche de Manaus”: “Eu ia pra missa, depois da missa eu entrava no Luso, arrumava as mesas, lotava a sede do Luso Sporting Clube.”
As dublagens ocorriam na atividade cultural “Manhãs de Sol” no Luso Sporting Club: “Era uma Manhã de Sol que existia na época. Nós fundamos essa Manhã de Sol. Aí o Luso nos abriu as portas e nós fundamos também a juventude lusitana, que era essa equipe: era uma juventude tão boa que nós fizemos as Manhãs de Sol de nove horas até uma hora da tarde, meio dia; o Luso não tinha balneário, era na sede do Luso”, relata Delfim de Sá.

O Atlético Barés Clube pode ter sido o primeiro a realizar este tipo de evento, mas o Luso Sporting Clube foi o que alavancou na década de 1960 esta manifestação musical, fazendo a dublagem virar rotina nos clubes e tendo mais força e participação.

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