Hoje
é comum ver a divulgação do cover uma
banda musical pelos bares da cidade de Manaus.
Ouvimos
as músicas que marcaram a trajetória artística do cantor ou a banda tal, ou
mesmo, aquelas que fazem sucesso atualmente para ganhar o publico e o cliente
ficar satisfeito com o ambiente aconchegante de acordo com o gosto de cada um.
Entretanto,
nestas apresentações de covers atuais, não vemos a presença do cantor ou da
banda nos palcos dos bares. Seria bem interessante imitar a vestimenta, os
trejeitos...!!!!!!
Em
Manaus, em meados de 1964 e 1965, aconteciam as dublagens nos clubes, nas
noites dançantes da cidade. Era um tipo de cover deste período com a diferença
que hoje se canta e não se veste como os cantores que são interpretados e, no
período citado, se vestiam idênticos, tendo os trejeitos do cantor dublado, não
sabiam tocar o instrumento e não tinha voz, a voz era do LP tocado na
Rádio-eletrola.
A
dublagem começou a se fazer presente nos clubes das cidades sendo primeiramente
como diversão e, posteriormente, ficou sério, como comenta Delfim de Sá
(dublador da década de 60 em Manaus): “Era
tão sério a coisa que quando terminei de dublar ao piano, o coronel veio em
minha direção e disse: quero que você ensine minha filha a tocar piano, mas
ninguém sabia tocar piano, pra você ver a seriedade da coisa.”
Não foi algo
negativo que aconteceu, pelo contrário, foi bastante rico para a estrutura
econômica, política e cultural da época na cidade de Manaus. Mobilizou a cidade
e possibilitou que pessoas anônimas se tornassem músicos, atores, enfim, foi
uma transição entre os programas de rádio e o cinema e a formação de bandas
para tocar ao vivo.
Nas
notícias de jornais destacamos os artistas conhecidos como a rainha da dublagem
Eline Santana, também Almir Silva, Delfim de Sá, Salim Gonçalves, Conrado Silva
e Wilson Campos, ou a própria Edinelza Sahado, que seguiu carreira de atriz por
conta de fazer dublagem.
O Luso
Sporting Clube foi o pioneiro nessa padronização de fazer dublagem. Delfim de
Sá relata que na época, não havia recursos suficientes para convidar artistas
nacionais: “Nós fomos os pioneiros em dublagem, porque naquele tempo Manaus não
tinha grandes recursos pra mandar buscar cantores de fora pra vim pra Manaus se
apresentar”.
A simples
diversão, nas “Manhãs de Sol” (atividade cultural nas manhãs de domingo nos
clubes) se tornou a “coqueluche de Manaus”: “Eu ia pra missa, depois da missa
eu entrava no Luso, arrumava as mesas, lotava a sede do Luso Sporting Clube.”
As dublagens
ocorriam na atividade cultural “Manhãs de Sol” no Luso Sporting Club: “Era
uma Manhã de Sol que existia na época. Nós fundamos essa Manhã de Sol. Aí o
Luso nos abriu as portas e nós fundamos também a juventude lusitana, que era
essa equipe: era uma juventude tão boa que nós fizemos as Manhãs de Sol de nove
horas até uma hora da tarde, meio dia; o Luso não tinha balneário, era na sede
do Luso”, relata Delfim de Sá.
O Atlético
Barés Clube pode ter sido o primeiro a realizar este tipo de evento, mas o Luso
Sporting Clube foi o que alavancou na década de 1960 esta manifestação musical,
fazendo a dublagem virar rotina nos clubes e tendo mais força e participação.
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