sexta-feira, 12 de julho de 2013

A MÚSICA NOS PALCOS DO CINEMA EM MANAUS



Você sabia que o cinema também era um espaço de apresentação de cantores nacionais e era uma “escola de música” para os artistas locais?
Isso mesmo!
No início do século XX era comum as orquestras participarem das aberturas do cinema; já na década de 1960 era comum os artistas dos filmes musicais se apresentarem nos palcos dos cinemas e o artista local reproduzir nos clubes o que via no filme.
As casas de cinemas como Cine Ypiranga, Cine Odeon e Guarany se tornaram uma grande novidade e ponto de encontro entre os jovens para festas ou grandes feriados. Nesta época, havia sessões de cinema ao ar livre em comemoração as datas de aniversário dos cinemas.
O cinema virou palco para os grandes artistas que participavam dos filmes musicais brasileiros. O artista que participava de filmes musicais também se apresentava no cinema.  Não somente era o ato de cantar, mas se fazia nos palcos do cinema o que era feito nos filmes musicais.
Orlando Dias (1923-2001) foi um exemplo de cantor popular que se apresentava nos cinemas pelas suas performances diferenciadas: além da bela voz, utilizava os gestos e as expressões faciais.
Orlando Silva era um talentoso cantor, foi o grande cartaz da daquela época em todo o Brasil, um cantor consagrado que interpretava o que cantava: um artista completo que no palco ria, chorava, ficava de joelhos, fazia promessa, acendia vela, cravava um punhal no peito... e morria, assim era sua interpretação com muita performance. Ou seja, um cantor que se influenciou pela voz de Francisco Francisco Alves (1898-1952) e a interpretação de Silvio Caldas (1908-1998).
Toda esta característica performática nos faz analisar que a interpretação musical era bastante expressiva tanto na voz quanto nos gestos, era muito utilizada nos filmes musicais.
A vinda desses cantores que se apresentavam nos cinemas e/ou fazia parte dos filmes musicais favoreceu que artistas locais fizessem o mesmo que Orlando Dias fez quando juntou a voz e a interpretação de cada cantor que estava em sucesso.
O cinema, então, passou a ser um local de aprendizado musical: era participando das sessões de cinema que o artista aprendia a tocar no instrumento musical as músicas de sucesso, como o violão, a guitarra e a bateria, e também aprendiam as performances dos artistas nacionais e internacionais.
O cinema foi uma forma de divulgação da música. Os filmes americanos estavam no auge e neles sempre passavam as cenas dos cantores ou dos grupos, como por exemplo, os filmes que constantemente eram projetados com a participação de Elvis Presley, dentre eles: Love Me Tender, Loving You, Jalilhouse Rock (1957), King Creole, G.I. Blues, Blue Hawaii, Wild in The Country, Kid Galahad, Follow That Dream, Fun In Acapulco (1963) - O Seresteiro de Acapulco (BR), Viva Las Vegas (1964) - Amor a toda velocidade (BR), Roustabout. E The Beatles dentre eles A Hard Day’s Night (1964), Help! (29 de julho de 1965), Magical Mystery Tour (1967), Let It Be (1970), além de gravarem a trilha sonora do desenho animado Yellow Submarine (1968).
Em Manaus, os artistas que começavam a formar bandas ao formato americanizado de Beatles ou quem faziam dublagem para se apresentar nos clubes como laser e divertimento, tinham que assistir sessões e mais sessões de cinema, para aprenderem os trejeitos dos artistas e aprenderem a tocar a música que estava sendo sucesso. Essa freqüência constante estava associada a uma reprodução das músicas nas festas dos clubes da cidade.
Parafraseando Azancoth (2000) “uma tímida juventude transviada ensaiava tímidos passos de rock durante a exibição de ‘O Balanço das Horas, no Cine Odeon”.
O cinema teve sua contribuição referente a visualização da imagem do artista apresentado, um local apropriado para aqueles que dublavam nos clubes e os que se apresentavam como cantores do rádio.

Hoje, o cinema além de apresentar as produções cinematográficas, também nas telas são apresentadas as grandes Óperas, ao vivo ou gravadas, como “Otello” do compositor italiano Giuseppe Verdi, “Elixir do Amor” de Gaetano Donizetti, enfim, novos espaços, novas técnicas e outros pensamentos.