domingo, 30 de junho de 2013

A VOZ FEMININA EM MANAUS NA DÉCADA DE 60

As Cantoras da Rádio Nacional, assim como outras, por exemplo: Angela Maria, Nara Leão, Sylvia Telles, emergiram a mulher no mundo da música no Brasil, considerando que não eram vistas com bons olhos pela sociedade da época.
Na Rádio Nacional havia as cantoras do Rádio: “Carmélia, o baião; Carminha, com sua voz de contralto, a fossa; e Ellen, com sua habilidade de soprano, não se fixava em um estilo nem gênero, mas tinha liberdade para cantar os clássicos e Violeta tinha o samba no corpo e na voz” (site do Estadão de São Paulo, repórter Luis Carlos Merten, 2009). Todas eram funcionárias da Rádio Nacional e sua função era cantar nos programas.
Em Manaus tivemos muitas artistas femininas que também eram funcionárias das Rádios e cantavam nos programas. Podemos citar poucos conjuntos e artistas femininas nesse circuito: o Conjunto Feminino “Musas do Ritmo” composto pelas seguintes senhorinhas: Felisbela Simões, Zelinda Simões, Doroteia Moreira, Terezinha Montefusco, Marly Inês, Linda Simões, Kay Francis e Clothilde Charomm. Cantoras que cantavam e eram funcionárias das Rádios Difusora, Baré e Tropical nos programas musicais como: Sebastiana Moreira, Shyrley Maria, Maria Aparecida, Katia Maria, Marlene Santana, Arminda Oliveira, Maria das Dores, a rainha da dublagem Eline Santana.
Destaca-se, entre esses nomes, a artista Katia Maria: entrou na Rádio Difusora em 1958, cantava no estúdio da Rádio e cantava na noite sem o pai saber que era ela, devido à mudança de seu nome.
Outros grupos musicais femininos estavam presentes no cenário musical em Manaus, mas não estavam atrelados a uma Rádio como o grupo As Pequenas Cantoras de Manaus, destacaram-se nos Boites dos clubes, principalmente do Atlético Rio Negro, mas não tiveram tanta expressividade e sequência de trabalho.
Um grupo que teve grande prestígio foi a Banda Feminina do Instituto Benjamin Constant: participou do concurso de bandas colegiais promovido pelo Ministério da Educação, em 1966, e conseguiu um segundo lugar em âmbito nacional. Na notícia do Jornal do Commercio, 29 de dezembro de 1966, a Irmã comemora o título, no tempo que o Instituto era administrado pelas freiras: “Disse a Irmã que fizeram jus a um prêmio de um milhão e duzentos mil cruzeiros e que com esse dinheiro mandaram preparar uma gravação com as quatro músicas as quais competiram no concurso”. A banda retornou com homenagens, estampando esta grande vitória e conquista nos jornais cariocas e da cidade.
Em 1967, iniciou um marketing voltado para as mulheres: a indústria cultural estava apostando numa demanda maior de vendas possibilitando o incentivo a mulheres no mercado artístico.
A notícia do Jornal do Commercio, 21 de maio de 1967, sobre a cantora Maura Moreira leva-nos a analisar que a indústria fonográfica estava apostando num mercado feminino e ao mesmo tempo mudando o papel da mulher no meio artístico, o próprio título da matéria é bem sugestivo: MULHERES E DISCOS.
Não só as Orquestras, os Bailes Hi-Fi, as Tertúlias dançantes que faziam parte do cenário musical em Manaus na década de 1960, a representação feminina na música estava presente nas diversas formas de tocar: banda, dublagem, entre outros, mas não tinha tanto espaço quanto os Ritmos e as Orquestras inicialmente.

A participação feminina neste cenário, apesar de mínima, foi bastante representativa num espaço dominado por orquestras e bandas, as cantoras se centravam em realizar os programas de auditório das Rádios, que estava no auge em Manaus, era o local onde os cantores mostravam seus talentos para trilhar numa carreira artística e ter como professores de música os grandes cantores da Rádio Nacional como Ângela Maria, Nara Leão, Sylvia Telles, Jair Rodrigues, entre outros.

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