Outubro
é o mês do aniversário da cidade de Manaus, 24 de outubro de 1669, marca a elevação
do Forte de São José da Barra do Rio Negro e, em 1848, na mesma data, da Vila
de Manaus à categoria de Cidade. Cada ano que passa a cidade de Manaus se
reinventa entre prédios, asfaltos e árvores centenárias cortadas.
Ainda
bem que existe a música para registrar os sentimentos e emoções de cada período
desta cidade. Ou província? Enfim... Entre muitas histórias de seu aniversário,
escolhi a do ano de 1969, quando Manaus completou 300 anos, tricentenário da
cidade.
Neste
ano, Manaus estava em pleno desenvolvimento econômico. Segundo Genesino Braga
(jornalista, cronista, professor universitário e ocupou a cadeira 19 da Academia
Amazonense de Letras) relatou no Jornal do Commercio, 30 de março de 1969, que
a “Revolução de 1964 trouxe os surtos de progresso que aí estão aos olhos de
nós todos”.
E
para comemorar todo esse progresso que, naquele momento, progresso significava
abrir estradas para a modernização, ocupação do território e a expansão
econômica do Amazonas através da Zona Franca, dois momentos importantes foram
realizadas no decorrer do ano de 1969: a escolha da canção do tri e a gravação
de canções pela famosa cantora Maria Lucia Godoy.
A
escolha da canção do tri foi realizada desde fevereiro de 1969, pela União
Esportiva Portuguesa: seria uma canção que simbolizasse os trezentos anos da
cidade de Manaus, em “ritmo de marcha ou marcha-rancho” (Jornal do Commercio,
25 fev. 1969) uma “música-símbolo” (Idem), e ganharia repercussão nas rádios do
Brasil.
A
música vencedora foi “Manaus Saudade”, os autores se apresentaram com os
pseudônimos de Cosme e Damião, mas na verdade, os compositores eram os
professores Dirson Costa e Alfredo Fernandes: “Manaus/minha cidade/meu jardim de tantas flores/onde a felicidade é
feliz com tantas cores/Manaus de outras cantigas/e das casas de azulejo/lembra
canções bem antigas/e as valsas dolentes de um realejo. Manaus que
saudade/Manaus que saudade/na tormenta das recordações/Manaus vive agora/nas
belezas de outro clarão/fazendo trezentos anos/mas é bem criança no meu
coração”.
Se
tivéssemos o registro fonográfico desta canção, poderíamos dar um presente ao
patrimônio musical da cidade e reviver os tempos do tricentenário.
Outro
acontecimento importante foi a gravação de um vinil pela mais famosa cantora do
período, de prestígio internacional e considerada a mais bela voz do Brasil, Maria
Lucia Godoy, através da Fundação Cultural do Amazonas. O disco de longa duração
foi intitulado “O Canto da Amazônia” e gravado no Museu da Imagem e do som, no Rio
de Janeiro, chamado no período por Guanabara.
O
disco reuniu compositores que cantavam a alma amazônica: “Acalanto da Rosa”
(Cláudio Santoro e Vinícius de Moraes), “Luar de meu bem” (Cláudio Santoro e
Vinícius de Moraes), “Pregão da Saudade” (Cláudio Santoro e Vinícius de
Moraes), “Menina dos olhos verdes” (Pedro Amorim, Jorge Tufic), “Toada Baré”
(Arnaldo Rebello), “Mão d´água” (Guerra Peixe), “Cantos de Cairé” (arranjos de
Villa Lobos), “Foi Boto Sinhá” (Waldemar Henrique, Antonio Tavernard), “Cobra
Grande” (Waldemar Henrique), “Tambatajá” (Waldemar Henrique), “Matinta Pererê”
(Waldemar Henrique), “Curupira” (Waldemar Henrique), “Manhá-Nungara” (Waldemar
Henrique), “Murucututu” (recolhido por Mario de Andrade com harmonização de
Aloisio de A. Pinto), “Cabocla Bonita” (idem). O lançamento foi acompanhado ao
vivo por Turíbio Santos, considerado o maior violonista do Brasil (Fonte: Jornal
do Commercio, 21 dez. 1969).
Esses
momentos marcaram e simbolizaram o tricentenário da cidade de Manaus e que são
patrimônio musical que devemos preservar e não deixar a memória histórica
musical ser esquecida.
Hoje
como cantaríamos nossa cidade? Que melodias estamos entoando para representar
sua identidade sociocultural? Nada contra o “dois pra lá e o dois pra cá” para
comemorar seu aniversário, haja vista que reuni uma multidão e é uma festa
cheia de energia, mas a cidade também é poesia, é canção, é arte, é tecnologia.
A cidade merece ser cantada de outras formas: de muitos amores e esplendores!!!
Quem
viu você, não pode mais esquecer, Quem vê você, logo começa a querer. Manaus, Manaus,
Manaus, minha cidade querida. Manaus, Manaus, Manaus és a cidade sorriso,
esperança da nossa Amazônia. (Áureo Nonato, 1965)
Que agradável surpresa! Eu estudava com minha irmã Silmara Rodrigues, no Grupo Escolar Saldanha Marinho com a Professora Eliete Trigueiro Galvão, e sua irmã era nossa professora de canto. E cantamos essa canção Manaus Saudade. Essa canção marcou minha vida estudantil. Obrigada por essa linda lembrança!
ResponderExcluirItaciara Rodrigues
Olá Itaciara. Também fui aluno em 1972 a 77 das professoras Elcy Trigueiro (Pianista) e Eliette T Galvão no G Esc Saldanha Marinho. Vc tem notícias delas?
ExcluirTô no Face Guilherme Coupé (com acento agudo, tem meu homônimo com circunflexo )
Manaus da minha infancia; Manaus da minha familia; Manaus dos meus amores; Manaus da minha vida. Boas lembranças; bons momentos; boa educação; boas músicas...Boa Manaus! Saudades e Parabéns Manaus.
ResponderExcluirManaus saudade tem registro fonográfico. Gravado pela cantora Kátia Maria
ResponderExcluir