“Quando
vi, lá estava ela: uma preciosidade aos olhos de um pesquisador... a partitura
jogada no canto da Biblioteca, com teias de aranha e muito suja. De início não
sabia o valor que ela tinha, hoje ela conta a história de nossa sociedade.”
(Lucyanne Afonso)
Assim que ficamos conhecendo
a história de muitos artistas de séculos passados: de um papel sujo que, a
nossa percepção é sem valor no canto da Biblioteca, tem informações que podem
descrever uma história social e cultural de uma determinada época.
É isso que muitos
pesquisadores fazem.
As
fontes não são somente as orais, são as imagens, os vídeos, os documentos, as
partituras, os escritos antigos. Por exemplo, os instrumentos musicais antigos
que hoje temos conhecimento como a harpa, o alaúde, os tambores de guerra,
címbalos, sistro (egípcios); a rabeca do poeta, o rabab, e o adufe (árabes); vina, címbalos, tambores e o ravanastron
(indianos); king e tcheng
(chineses); shofar, saltério, harpa, kerem e pratos (hebraicos), é porque documentos,
medalhões, inscrições, papiros e baixo-relevos e citações de obras de grandes
filósofos foram as fontes para se conhecer esse passado musical.
O processo não vai ser
diferente para outros séculos e épocas!
Se hoje conhecemos a música
barroca de Bach, as trovas improvisadas de Domingos Caldas Barbosa ao som da
viola de corda de arame do século XVIII, as obras de Chiquinha Gonzaga, a
música em Manaus no período da borracha, o Conservatório de Música Joaquim
Franco em Manaus, Delfim de Sá o maior ícone da dublagem em Manaus na década de
1960, enfim, essas informações foram delineadas a partir de fatos mostrados por
imagens, vídeos ou por um papel velho no canto da Biblioteca.
Quem não quer conhecer a
história musical de nossa cidade? Tem tanta coisa a pesquisar, a ser decifrada
em todas as subáreas da música!!
Conhecemos nossa cidade a
partir do olhar de Djalma Batista, Márcio Souza, Thiago de Mello, Aníbal Beça,
escritores e poetas consagrados em nossa região que delinearam uma história
sociocultural de Manaus.
Aproveito para colocar em
cena o nome de pesquisadores que muitos desconhecem, mas que estão realizando
um trabalho na academia para dar continuidade e não deixar a memória artística
de nossa cidade ser esquecida, como Evany Nascimento (Patrimônio Cultural em
Manaus); Mariana Baldoino (Teatro Amazônico), Lucyanne Afonso (Música Popular
na década de 1960), Mauro Menezes (Narrativas Musicais de um grupo de
artistas), João Gustavo Kienen (pianista Arnaldo Rebello), Priscila Pinto (artista
plástica Bernadete Andrade), enfim, onde tem arte, tem artistas e tem
pesquisadores.
O artista vivencia, é a
essência de tudo que ele experimenta de valores, hábitos, costumes e
comportamentos; o pesquisador traduz tudo em conhecimento.
Parabenizo um movimento que
se chama ABRE BIBLIOTECA, movimento que ganhou voz e que é composto por
estudantes, comunidade, professores, pesquisadores. A Biblioteca de portas
abertas é como se fosse um baú cheio de histórias para serem contadas,
decifradas, pesquisadas e a história construída. Vamos ler, vamos escrever! Só
assim adquirimos conhecimento: através da informação.
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