domingo, 30 de junho de 2013

MÚSICA: MEMÓRIA E HISTÓRIA DA CIDADE

 Quando vi, lá estava ela: uma preciosidade aos olhos de um pesquisador... a partitura jogada no canto da Biblioteca, com teias de aranha e muito suja. De início não sabia o valor que ela tinha, hoje ela conta a história de nossa sociedade.” (Lucyanne Afonso)
Assim que ficamos conhecendo a história de muitos artistas de séculos passados: de um papel sujo que, a nossa percepção é sem valor no canto da Biblioteca, tem informações que podem descrever uma história social e cultural de uma determinada época.
É isso que muitos pesquisadores fazem.
    As fontes não são somente as orais, são as imagens, os vídeos, os documentos, as partituras, os escritos antigos. Por exemplo, os instrumentos musicais antigos que hoje temos conhecimento como a harpa, o alaúde, os tambores de guerra, címbalos, sistro (egípcios); a rabeca do poeta, o rabab, e o adufe (árabes); vina, címbalos, tambores e o ravanastron (indianos); king e tcheng (chineses); shofar, saltério, harpa, kerem e pratos (hebraicos), é porque documentos, medalhões, inscrições, papiros e baixo-relevos e citações de obras de grandes filósofos foram as fontes para se conhecer esse passado musical.
         O processo não vai ser diferente para outros séculos e épocas!
       Se hoje conhecemos a música barroca de Bach, as trovas improvisadas de Domingos Caldas Barbosa ao som da viola de corda de arame do século XVIII, as obras de Chiquinha Gonzaga, a música em Manaus no período da borracha, o Conservatório de Música Joaquim Franco em Manaus, Delfim de Sá o maior ícone da dublagem em Manaus na década de 1960, enfim, essas informações foram delineadas a partir de fatos mostrados por imagens, vídeos ou por um papel velho no canto da Biblioteca.
     Quem não quer conhecer a história musical de nossa cidade? Tem tanta coisa a pesquisar, a ser decifrada em todas as subáreas da música!!
        Conhecemos nossa cidade a partir do olhar de Djalma Batista, Márcio Souza, Thiago de Mello, Aníbal Beça, escritores e poetas consagrados em nossa região que delinearam uma história sociocultural de Manaus.
     Aproveito para colocar em cena o nome de pesquisadores que muitos desconhecem, mas que estão realizando um trabalho na academia para dar continuidade e não deixar a memória artística de nossa cidade ser esquecida, como Evany Nascimento (Patrimônio Cultural em Manaus); Mariana Baldoino (Teatro Amazônico), Lucyanne Afonso (Música Popular na década de 1960), Mauro Menezes (Narrativas Musicais de um grupo de artistas), João Gustavo Kienen (pianista Arnaldo Rebello), Priscila Pinto (artista plástica Bernadete Andrade), enfim, onde tem arte, tem artistas e tem pesquisadores.
    O artista vivencia, é a essência de tudo que ele experimenta de valores, hábitos, costumes e comportamentos; o pesquisador traduz tudo em conhecimento.
Parabenizo um movimento que se chama ABRE BIBLIOTECA, movimento que ganhou voz e que é composto por estudantes, comunidade, professores, pesquisadores. A Biblioteca de portas abertas é como se fosse um baú cheio de histórias para serem contadas, decifradas, pesquisadas e a história construída. Vamos ler, vamos escrever! Só assim adquirimos conhecimento: através da informação.

   
Caro amigo leitor, não jogue fora uma partitura antiga que encontrou no porão da casa, ou uma foto, ou as pinturas de um artista plástico desconhecido, ou a gravação em uma fita cassete de um cantor desconhecido. Nas mãos dos pesquisadores, isso tudo vira fato, vira história, se torna memória.

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